Entende-se como swap um contrato de troca de indexadores, que funciona como hedge (proteção), permitindo conseqüentemente aos participantes do mercado se protegerem dos riscos inerentes aos ativos que operam.
Esses contratos de swap são bastante flexíveis. As partes envolvidas no processo poderão acertar entre si quais os indicadores, o prazo e as características acordadas. O mercado financeiro, na prática, acabou por eleger algumas combinações preferidas.


EEntendendo os motivos do Fed na criação da linha de Swap com o BC
É preciso ter em mente que o Brasil é o quarto maior credor dos Estados Unidos, vindo atrás apenas do Japão, da China e da Grã-Bretanha. O governo brasileiro tem US$ 148,4 bilhões aplicados em títulos do Tesouro norte-americano (posição em julho). Ora, o País poderia fazer um grande resgate desses títulos, onde esta aplicada boa parte das reservas cambiais brasileiras, se tivesse necessidade. Mas, se o fizesse de forma maciça, a cotação dos "Treasuries" baixaria e, em conseqüência, o rendimento real se elevaria.

Este é um dado essencial para entender a operação de swap entre o Federal Reserve Board (Fed) e o BC brasileiro, bem como com a Autoridade Monetária de Cingapura, o Banco da Coréia e o Banco do México, que também devem ter uma posição considerável em títulos do governo norte-americano. Na operação, o Fed faz um crédito ao Banco Central do Brasil correspondente a US$ 30 bilhões aplicados em títulos do Tesouro dos EUA e, em contrapartida, o BC faz o mesmo com valor equivalente em títulos do Tesouro Nacional, a uma cotação variável ou acertada entre as partes.
Naturalmente, ao dispor desse valor, o BC pode atuar mais efetivamente para aumentar a liquidez, fortalecer as linhas de financiamento à exportação e atuar no mercado para atenuar a desvalorização do real. Trata-se de uma iniciativa de cooperação entre os bancos centrais que concorre para que o comércio internacional não sofra uma grande retração em razão da crise financeira. E, logicamente, ajuda a evitar um agravamento do clima de incerteza dos mercados.

A opção pelo swap é muito melhor do que recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) como fez o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002 para obter um crédito "stand-by" de US$ 30 bilhões. A concessão do crédito poderia ser relativamente rápida, mas, como se recorda, o governo brasileiro deveria sujeitar-se à auditoria do Fundo, que enviaria para o País suas conhecidas missões.
Tendo liquidado os compromissos com o Fundo, voltar a recorrer a ele agora seria politicamente desgastante para o governo Lula, como se comenta no mercado. E é importante ressaltar que a operação de swap entre o Fed e o BC "não implica condicionalidades", como é mencionado especificamente no comunicado do BC à imprensa.