Recursos estarão disponíveis até abril do ano que vem; uso dos dólares depende ainda de regulamentação do CMN

Operação é feita por meio da troca de moedas: o BC brasileiro recebe dólares do Fed e, em troca, entrega um valor equivalente de reais



O Federal Reserve anunciou ontem que colocou US$ 30 bilhões à disposição do Banco Central do Brasil para intervenções no mercado de câmbio. Pacotes do mesmo valor foram liberados pelo BC dos EUA para três outros países: Cingapura, Coréia do Sul e México.
A operação é feita por meio da troca de moedas: o BC brasileiro recebe dólares do Fed e, em troca, entrega montante equivalente de reais. Depois, a operação é desfeita, e os dólares voltam ao Fed. Não são cobrados juros na operação.
Os recursos estarão disponíveis para o Brasil até abril do ano que vem. O BC brasileiro, porém, informou ontem que ainda não decidiu se irá ou não usar os dólares oferecidos pelo Fed. Uma operação desse tipo só será possível devido a uma autorização dada pela medida provisória nº 443, baixada pelo governo na semana passada.
Por meio de nota, o BC informou que os recursos servirão para "incrementar os fundos disponíveis para as operações de provisão de liquidez em dólares". Ou, em outras palavras, permitirão que o BC intervenha no mercado de câmbio sem gastar os dólares depositados nas reservas internacionais do país, hoje em US$ 203 bilhões.
Neste mês, o BC já colocou cerca de US$ 7 bilhões no mercado de câmbio, sendo que, desse valor, US$ 3,3 bilhões equivalem a vendas definitivas de dólar. O restante corresponde a leilões casados de compra e venda, em que os bancos são obrigados a revender ao BC os dólares adquiridos depois de um certo período de tempo.
A nota do BC diz ainda que o acordo do Brasil com o Fed "contribuirá para preservar o sistema financeiro nacional das restrições de liquidez no mercado financeiro internacional". A medida foi anunciada como parte da "estratégia de mitigação do impacto da crise financeira internacional sobre a economia brasileira".
Já o Fed divulgou um comunicado em que afirma que a decisão de oferecer os recursos para esse grupo de países visa "combater as dificuldades enfrentadas por economias sólidas e bem administradas para conseguir dólares".
Acordos semelhantes já foram fechados pelo Fed com os BCs de Austrália, Canadá, Dinamarca, Inglaterra, Nova Zelândia, Japão, Noruega, Suécia e Suíça, além do BC Europeu.
O BC já havia anunciado algumas medidas para tentar conter a alta do dólar. Para poder intervir no câmbio preservando as reservas internacionais, a atuação da instituição tem se concentrado nas chamadas operações de "swap cambial". Na semana passada, o BC já havia anunciado que estava disposto a colocar até US$ 50 bilhões desses contratos em circulação no mercado.
Embora esses contratos sejam negociados em reais, eles são corrigidos pela variação do câmbio e têm efeito semelhante ao de uma venda futura de dólares, ajudando a reduzir a pressão sobre a moeda.
Pelo contrato de "swap", o BC se compromete a pagar aos bancos que participam da operação toda a variação da cotação do dólar em determinado período. Em troca, recebe uma taxa de juros predeterminada.
Fonte :Folha de São Paulo.