O gabinete da chanceler alemã Ângela Merkel aprovou hoje um pacote de estímulo de 23 bilhões destinado a auxiliar a maior economia européia e o maior exportador mundial a evitar os piores efeitos de uma forte desaceleração econômica. O pacote tem intuito de reverter a previsão de recessão técnica o governo revisou para baixo a previsão de crescimento em 2009 para apenas 0,2%, a menor taxa de crescimento da Alemanha desde a recessão de 2003.

De acordo com Merkel, as medidas a serem adotadas para enfrentar a crise serão específicas. Berlim critica fortemente as propostas do presidente francês Nicolas Sarkozy, que ocupa atualmente a Presidência da União Européia (UE), por promoverem a realização de intervenções estatais maciças em nível europeu.

O pacote custará 23 bilhões (US$ 30 bilhões), é relativamente pequeno, e está centrado em cortes de impostos, empréstimos para empresas garantidos pelo Estado e projetos de infra-estrutura para estimular a atividade econômica antes da esperada recuperação de 2010.

O governo já aprovou um pacote de resgate bancário de 480 bilhões (US$ 605 bilhões), incluindo 80 bilhões em capital fresco para bancos em problemas.
Notamos na Alemanha um esforço racional para combater a crise seguida de recessão, o mercado bancário alemão com sua estrutura tríplice - Banco privado que já passou por uma fusão consistente Commerzbank/Dresdner; Cooperativas de crédito, atuantes principalmente nos setores agropecuário e de ofícios manuais e que possuem a maior rede de agências da Alemanha, com 1.250 unidades; E as caixas econômicas, as chamadas Sparkassen que têm uma missão pública: fornecer crédito às pequenas empresas e ao cidadão comum - foi muitas vezes criticado pelos bancos privados, que se queixam de concorrência desleal dos bancos públicos. Como estes têm o Estado atrás de si, podem obter condições mais vantajosas de refinanciamento. A Comissão Européia é da mesma opinião e pressiona pelo fim da garantia existente na Alemanha de que o poder público assumirá as dívidas de um banco público em caso de falência.
Mas, em tempos de crise, esse modelo tão criticado se mostra mais estável do que, por exemplo, o sistema norte-americano de bancos especializados.
Instituições alemãs também se envolveram no falido sistema de créditos hipotecários dos Estados Unidos, berço da atual crise financeira. Mas tratam-se de bancos privados e de alguns bancos estaduais (Landesbank), as instituições de ponta das Sparkassen. As próprias Sparkassen e as cooperativas de crédito, que fornecem crédito para o cidadão comum, se mantiveram fora da ciranda financeira e não foram atingidas pelas turbulências.